08/05/2008

Odres novos

Na minha igreja as pessoas sentam em bancos de madeira. São bancos muito bonitos e de qualidade também. São fortes e bem resistentes pois existem a mais de 70 anos. Existem a tanto tempo que entrar no salão onde celebramos o culto e não ver os bancos seria muito esquisito, confesso.

No entanto, há alguns anos temos tido um santo problema com a questão do espaço em nossa igreja. Por essa razão começamos a fazer dois cultos pela manhã, o que não demora, vai ser necessário pela noite também. Mas o que os bancos têm a ver com isso? Citar o problema de espaço da minha igreja foi apenas um gancho para falar de um outro problema que também tem a ver com os bancos.

Certa vez em uma reunião de diretoria soube que surgiu a idéia de trocarmos os bancos por cadeiras. Segundo o irmão que fez a proposta, as cadeiras ocupam menos espaço e obrigam as pessoas a ocuparem o espaço necessário. Concordo com essa pessoa, por mim os bancos já tinham rodado! Mas não era essa a opinião da liderança. Mais tarde uma nota correu no boletim dizendo que os bancos não seriam retirados porque constituem parte do patrimônio histórico da igreja.

Pensemos então nessa questão. Uma das razões para o problema de espaço é que mais pessoas estão procurando nossa igreja. Isso pode significar que mais pessoas estão sentindo sede de Deus, querem ouvir sua palavra, serem edificados pelo louvor e encontrar uma família que os acolha. No entanto, se algumas dessas pessoas visitam a nossa igreja e não encontram lugar para sentar, é possível que voltem para casa ou procurem outra igreja mais vazia. Se ela buscou outra igreja, não há problema. Porém, se trabalhamos com a hipótese de que grande das pessoas não procurarão outra igreja, voltarão para casa e talvez nunca mais entrarão novamente em uma igreja – talvez eu esteja sendo exagerado – o que é mais importante? Cultivar o patrimônio histórico da igreja ou botar uma cadeira a mais para acomodarmos alguém que é responsabilidade da igreja?

Narro essa situação para dizer que acredito que a Igreja, principalmente a minha – me chamo de igreja nessa frase – precisa de renovação. Os odres precisam ser trocados. Precisamos abandonar o que for dispensável. Ou seja, o que for tradicionalismo, a tradição fica, tradicionalismo não; o que for idolatria aos templos e aos edifícios, Jesus foi contra adorar apenas no monte; o que for impureza, vamos por para fora os pecados e as manias que aguentamos calados porque fazem parte da vida de nossos líderes; o que for por dinheiro, não é a quantidade de riquezas que nos move, os que nos move é o tamanho do tesouro que estamos acumulando no céu; O que for inquebrável, precisamos mudar de material, se não formos odres de barro é melhor nem colocar o vinho, não vai servir.

Mas para que isso aconteça, será que precisamos de um cataclismo? Será que precisamos de algo que seja impossível? Penso que precisamos mesmo de coisas novas, totalmente novas. Precisamos de algo que seja possível. Somos chamados por um Deus que não conhece esse tipo de limitação, possível ou impossível. Ele nos chamou para vivermos em novidade de vida, ou seja, dispostos a mudar, a ver as coisas de um modo diferente, a mudar o rumo da prosa, a partir para o plano B. Mas não acredito que devamos viver sonhando com uma coisa distante da realidade. Acredito que Deus quer fazer coisas sobrenaturalmente novas e possíveis. A igreja de hoje e de sempre precisa apenas (apenas?) viver o evangelho que revoluciona, que é contracultura, que destrói paradigmas, que muda príncipios e TRANSFORMA atitudes.

Ouvi uma mensagem onde o Pastor dizia o quão triste foi para ele passear pela Noruega e ver tantas igrejas fechadas. Tantas igrejas que se tornaram boates e outras coisas mais. Segundo ele, a Igreja naquele país estava morrendo. Imagino que isso doa no fundo do coração, que bata aquele frio no estômago. Entendo a aflição desse homem. No entanto, a sua declaração me diz mais. Ela me diz que há dentro de cada um de nós a forte imagem de que a Igreja existe a partir da estrutura, do edifício, da instituição.

A igreja somos nós. Frase feita né? Mas é tão real e plena em seu sentido e significado! Ela nos conta o quanto somos responsáveis pela obra que “nós” fomos chamados para desempenhar. Ela me diz que se eu sou Igreja, então eu estou livre de instituição para ser Igreja e agir como a Igreja do Senhor Jesus. Ela me diz que se eu sou a igreja é a minha estrutura que está em primeiro lugar, e não o edifício. Que se o meu coração está doente é com ele que eu tenho que me preocupar para fortalecer minha igreja e não com o encanamento ou o microfone do pastor.

Em contrapartida eu também não gosto do discurso que abre mão da estrutura. Se queremos atingir a sociedade com a poderosa mensagem do evangelho, a estrutura é a nossa principal aliada, e não a vilã. Ela existe para servir ao Reino e não para impedir o Reino. No final deste mês vamos fortalecer o trabalho de um dos nossos missonários no interior de Santa Catarina. São 23 pessoas. São 17 horas de viagem. São mais de R$ 6000,00 de despesas. Até onde iríamos se não houvesse uma instituição que nos desse suporte? A ponte Rio-Niterói?

A Igreja precisa de homens e mulheres que tenham o Espiríto de Deus, Anciãos que tenham sonhos, jovens que tenham visão e corações que queimem em desejo de proclamar que todos que invocarem o nome do Senhor serão salvos.

05/05/2008

A hora de falar

Antes de desenvolver meu pensamento, quero aconselhar você a escrever. Não apenas com o intuito de aprimorar a feitura de textos, mas principalmente pela liberdade que há. O desejo de escrever esse texto veio do momento, no qual eu precisava dizer algo a alguém, mas não poderia em virtude da distância física, e naquele momento, da distância dos nossos pensamentos e ideais. Eu precisava falar, mas quem ouviria? Precisava ser naquela hora? Não dava pra esperar? Pra falar a verdade, não. Eu tenho um sério problema, se eu não disser na hora, o que eu tenho pra dizer, depois, eu não digo. Eu preciso soltar o verbo na hora. Seja na hora da raiva, da tristeza, da alegria, não interessa. Eu preciso ser espontâneo. Se eu não for, talvez não seja tão sincero quanto eu preciso. É bem verdade que na maioria das vezes, o pensar antes de falar traz segurança da clareza dos nossos pensamentos. Mas em contrapartida, o pensar demais traz insegurança acerca do desejo de querer ser sincero ou não. Não estou defendendo nenhuma posição de pensamento, apenas quero dizer que eu esqueço certas coisas que eu tinha pra dizer. Só isso. Esse texto surge de um desejo de dizer. Todos nós temos desejo de dizer muitas coisas. Hoje eu cheguei na aula e diante da possibilidade de satisfazer esse meu desejo, falei. Falei tudo o que se passou pela minha mente e que precisava sair, ir para algum lugar. Na verdade, nem sempre é preciso sair. Mas tem dias que a quietude do pensamento é insatisfatório, insustentável. Gostaria de dizer algumas verdades sobre isso, mas eu não tenho. Me limitarei apenas em expressar sensações e impressões.